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Publicado em Quinta, 08 Janeiro 2015 18:10
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A temporada de juros baixos, que marcou o início do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, ficou mesmo no passado. Com a escalada da taxa básica Selic, iniciada em outubro de 2014, o crédito ficou mais caro e escasso.
Para piorar, temendo nova onda de desemprego, em razão da estagnação econômica, os bancos decidiram emprestar só para clientes com garantias de pagamento. Mesmo assim, os financiamentos aprovados pesam cada vez mais no bolso.
Dados levantados pelo jornal Correio Braziliense com base em estatísticas do Banco Central (BC) dão a dimensão da alta dos juros ao consumidor. De janeiro a dezembro de 2014, os seis maiores bancos do país elevaram as taxas, em média, em 64,2 pontos percentuais.
Não sem surpresa, o cheque especial foi a modalidade que mais encareceu. Em média, as taxas cobradas nessa linha saltaram de 157% anuais, no começo de 2014, para 216,11%, nos últimos dias de dezembro uma diferença de 59,03 pontos.
Os números sugerem que o Santander foi o banco que mais subiu juros em 2014. As taxas praticadas pelo conglomerado espanhol subiram 89,16 pontos percentuais em um ano. Só no cheque especial, os juros saltaram de 233,4% para 322% anuais uma diferença de 89,16 pontos. Foram consideradas as operações realizadas na primeira semana de janeiro e no período de 15 a 19 de dezembro.
Em segundo lugar vem o HSBC. O banco inglês elevou em 74,91 pontos os juros nas quatro linhas pesquisadas. A taxa do cheque especial subiu de 209%, em janeiro, para 296,5%, em dezembro, alta de 87,5 pontos.
Em nota, o Santander informou que os reajustes das taxas das linhas pesquisadas foram realizados conforme as condições do mercado e, de acordo com os dados disponibilizados pelo Banco Central, não registraram as maiores variações percentuais do setor em 2014. A amplitude da variação na taxa do cheque especial, em pontos percentuais, é explicada pelas características diferenciadas oferecidas aos usuários do Santander Master, que a cada mês contam com 10 dias de isenção de juros, que somente são cobrados caso esse prazo seja excedido, acrescentou o texto.
No ranking geral das taxas, aparece em terceiro lugar o Banco do Brasil e, em quarto, o Bradesco. A Caixa Econômica ficou em quinto no quesito alta de juros.
Já o banco que menos elevou juros em 2014 foi o Itaú. Mesmo assim, o impacto no bolso dos clientes foi elevado: em um ano, as taxas do banco subiram 44,7 pontos percentuais.
Apesar de os bancos privados liderarem as altas, os públicos também pesaram a mão. No crediário, por exemplo, o Banco do Brasil (BB) foi a instituição que mais elevou juros em um ano. O custo médio nessa linha subiu de 32,8%, em janeiro, para 44,9%, em dezembro. Ao todo, a alta foi de 12,08 pontos percentuais.
Para o economista Miguel Ribeiro de Oliveira, da Associação Nacional dos Executivos de Finanças e Contabilidade (Anefac), a política de obrigar bancos privados a baixar juros na marra se esgotou. O que se vê é justamente o contrário. Os bancos públicos estão subindo juros no mesmo patamar que os privados, ou até mais, frisou.
Alerta
O economista Samy Dana, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), avisa: as taxas de juros aos consumidores, que já estão elevadas, vão subir ainda mais. Quando o banco faz um empréstimo, ele olha não só para a Selic praticada atualmente, mas, sobretudo, para o futuro, assinalou.
Vice-líder do levantamento sobre juros ao consumidor nas quatro linhas, o HSBC alegou que o prazo dado foi insuficiente para uma resposta formal. Em terceiro no ranking, o BB respondeu, em nota, que avalia permanentemente os fundamentos do mercado e as práticas da concorrência para estabelecer sua política de preços. Por fim, reforçou o compromisso de oferecer taxas de juros e tarifas que estejam entre as melhores do mercado.
Listado como o banco que menos subiu juros, o Itaú Unibanco afirmou que não se manifestaria a respeito o assunto.
Até o fechamento desta edição, Bradesco e Caixa não deram retorno.
Fonte: Correio Braziliense
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Publicado em Terça, 06 Janeiro 2015 17:59
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Com a menor bancada sindical no Congresso Nacional desde 1988, quando 44 sindicalistas compunham a representação no Legislativo, segundo levantamento do Sindicato de Servidores Públicos Federais (Sindsep), trabalhadores temem o retrocesso de direitos adquiridos ao longo dos últimos anos. O número de representantes da categoria no Legislativo caiu pela metade, de acordo com os resultados das urnas em outubro, e passará dos atuais 83 parlamentares para 46 a partir de fevereiro deste ano.
Por outro lado, a bancada empresarial que defende interesses de diversos setores manteve composição significativa na Câmara e no Senado, apesar de perder mais de 50 representantes na próxima legislatura. Os empresários passarão dos atuais 246 parlamentares para 190 no dia 1º de fevereiro.
Todos os números no Congresso podem mudar com as definições do Planalto sobre os cargos no Executivo, mas, ainda que nomes sejam cotados, o equilíbrio de forças dificilmente será alcançado. Do lado dos sindicalistas estão outros setores considerados vulneráveis como os movimentos indígenas e a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis).
Diante dos resultados das urnas, especialistas do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) concluíram que a nova composição do Congresso é a mais conservadora desde 1964, pelo número de parlamentares eleitos ligados a segmentos militares, policiais, religiosos e ruralistas. O analista político do Diap, Antônio Augusto de Queiroz, prevê que com essa composição, a tendência é que "algumas conquistas, como a garantia dos direitos humanos, sejam interrompidas ou até regridam ".
Levantamento do Diap mostrou, por exemplo, que, enquanto nenhum dos candidatos que se autodeclarou indígena foi eleito para a Câmara dos Deputados, a bancada ruralista cresceu. Números da Frente Parlamentar da Agropecuária revelam que os representantes do setor passarão dos atuais 14 senadores e 191 deputados para 16 senadores e 257 deputados.
O novo cenário pode significar a retomada de matérias como a proposta de emenda à Constituição (PEC 215/00) que é alvo de protesto de grupos indígenas. O texto, que deve ser arquivado sem votação com o fim da atual legislatura, transfere a competência da União na demarcação das terras indígenas para o Congresso e possibilita a revisão das terras já demarcadas.
No caso de policiais e setores vinculados, como o de apresentadores de programas policialescos, foram eleitos 55 deputados, como o delegado da Polícia Federal Moroni Torgan (DEM), candidato mais votado do Ceará, com 277 mil votos, e o coronel da reserva da Polícia Militar Alberto Fraga (DEM), o mais votado no Distrito Federal, com 155 mil votos. Parte desses nomes defende propostas como a revisão do Estatuto do Desarmamento.
Na mesma linha, mais de 464 mil eleitores do Rio de Janeiro decidiram reeleger o atual deputado Jair Bolsonaro (PP), militar da reserva que segue para o sétimo mandato. Por outro lado, no mesmo estado, a população também elegeu , com mais de 144 mil votos, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), principal nome ligado ao movimento LGBT.
Para o cientista político Wagner de Melo Romão, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), esse tipo de contradição que se repetiu em outros estados reflete o "movimento múltiplo e plural" que se manifestou nos protestos de junho do ano passado. " Não podemos ser muito alarmistas. Acho que o novo Congresso acaba expressando o que está presente na sociedade brasileira. Se por um lado a gente fala de crise de representação, por outro lado nossas instituições estão funcionando, dando sentido a algo que está presente no eleitorado", afirmou.
Romão reiterou que "junho significou a exposição mais clara de um acirramento que vem ocorrendo na sociedade, em que as posições políticas estão cada vez mais evidenciadas e radicalizadas". Ele alertou para a diluição de partidos que comporão o Legislativo no próximo ano, considerando que na Câmara, por exemplo, o número de legendas representadas passará das atuais 22 para 28, a relação de parlamentares ligados a grupos de interesses específicos pode dificultar avanços de matérias sociais consideradas prioritárias pelo governo. "Vão acabar impondo seu poder de veto a eventuais modificações", disse .
Para Wagner Romão, a relação com o Executivo, que "é sempre muito difícil no âmbito federal, desde o início do governo Lula", tende a se acirrar. "A base de governo, a maioria criada pelo Executivo, nunca foi totalmente estável. A gente pode verificar que na maioria das votações, quando há acordo e negociações, o governo tende a vencer porque constitui uma maioria, no entanto em algumas votações mais polêmicas, essa base não se mostra tão forte assim. Isso tende a se aprofundar".
Se no Congresso o PT e o PMDB perderam parlamentares e o governo ainda contabilizou queda no apoio de legendas como o PSB, nos estados, a fragmentação se repetiu. "Mas, o que a gente vê nos estados é que os governadores conseguem manipular, com mais facilidade, nos seus rincões, essa divisão tão grande de partidos. Coisa diferente do que ocorre no plano federal", disse Romão.
O PMDB elegeu sete governadores, entre eles os do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, o maior número entre as legendas. Do PT foram eleitos cinco nomes nos estados, entre eles os dos governadores de Minas Gerais e da Bahia. Os tucanos conquistaram cinco governos e o PSB elegeu três governadores. O PSD conquistou a chefia de dois governos estaduais e o PDT, também de dois.
Pelo PCdoB foi eleito o governador do Maranhão, pelo PROS, o governador do Amazonas, e o PP elegeu a única governadora do país, Suely Campos, de Roraima.
Fonte: Agência Brasil