Bancários querem aumento real, mais saúde e emprego

- Piso: R$ 2.979,25 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).
- Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 724,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional).
- Reajuste salarial de 12,5%.
- PLR: três salários mais R$ 6.247.
- Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.
- Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, fim da rotatividade, combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PL 4330 na Câmara Federal, do PLS 087 no Senado e do julgamento de Recurso Extraordinário com Repercussão Geral no STF. Além da aprovação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas. Veja aqui a Carta de Atibaia, manifesto dos bancários contra a terceirização aprovado pela Conferência.
- Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários;
- Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
- Prevenção contra assaltos e sequestros. Cumprimento da Lei 7.102/83 que exige plano de segurança em agências e PABs, garantindo pelo menos dois vigilantes durante todo o horário de funcionamento dos bancos. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento das agências. Fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários.
- Igualdade de oportunidades para todos, pondo fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transsexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
Para CUT, participação dos sindicatos é fundamental para o plebiscito popular
Para Vagner, reforma política é importante para o Brasil avançar
Rede de Comunicação dos Bancários
Fábio Jammal Makhoul e Renata Ortega
Dentro de poucos dias, os brasileiros vão às urnas, ou melhor, as urnas vão até os brasileiros para uma importante votação. Não, não são as eleições presidenciais. Trata-se do Plebiscito sobre a Constituinte da Reforma Política, encampado pelos movimentos social e sindical e marcado para a primeira semana de setembro.
O tema não faz parte da pauta da grande imprensa, mas a votação pode mudar o futuro do Brasil. E entre os responsáveis pela organização e coleta de votos estão os sindicatos de bancários. Por isso mesmo, a Conferência Nacional dos Bancários reservou um painel, nesta sexta (25), para discutir o assunto.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, explicou que a ideia da Constituinte exclusiva para fazer a reforma política foi proposta pela presidenta Dilma Roussef como resposta aos anseios expostos pelos brasileiros nos protestos de junho do ano passado. "Mas os conservadores conseguiram derrubar a proposta da Dilma. E o Congresso Nacional não tem interesse algum em avançar nesse debate. Por isso, decidimos encampar esse plebiscito e vamos realizá-lo em meio à luta do dia-a-dia", destacou.
Veja aqui entrevista com o presidente da CUT, Vagner Freitas
Segundo Vagner, a partir da proposta da presidente, foi criado um grande fórum popular, com base nos movimentos sociais. "Trata-se de um processo de frente ampla para, primeiramente, pautar e popularizar a discussão sobre a reforma política na sociedade. E, mais do que isso, inserir o tema nos debates das eleições de outubro, explicitando oposição ao conservadorismos da direita. Ainda precisamos avançar muito para alcançarmos o Brasil que queremos e a reforma política é importantíssima neste sentido", concluiu.
Plebiscito será em setembro
O plebiscito popular será realizado na Semana da Pátria, de 1º a 7 de setembro, em todo o Brasil. "Os bancários estarão em plena Campanha Nacional, mas é importantíssimo que os sindicatos trabalhem paralelamente com o plebiscito. Os sindicatos são o instrumento mais importante de transformação social do país, temos capacidade de mobilização popular e precisamos garantir esta que é a mãe de todas as reformas", disse Vagner, que é bancário e presidiu a Contraf-CUT por dois mandatos.
A ditadura do capital
Cerca de 80% dos deputados federais e senadores fazem suas campanhas políticas com dinheiro doado pelos empresários. Para Vagner, isso é um "atentado à democracia brasileira, uma ditadura às avessas". Segundo ele, as empresas que são os principais financiadores das campanhas políticas são as mesmas que deram suporte ao golpe militar de 64.
"É por isso que realizar esse plebiscito será um grande desafio. Para a CUT, o financiamento público de campanha é a pilastra da reforma política. Mas os conservadores já têm seu discurso pronto, vão dizer que queremos tirar dinheiro da saúde, da educação, para dar aos políticos corruptos. Precisamos mostrar para a sociedade que os políticos eleitos com financiamento de empresários vão representar os empresários e não o trabalhador", explicou.
'Quem paga a banda comanda a música'
Além de Vagner, o professor Júlio Turra, diretor da CUT, também debateu o a importância do plebiscito e da Reforma Política com os participantes da Conferência Nacional dos Bancários. Segundo ele, 80% de todo o financiamento das campanhas políticas vêm dos empresários, que depois cobram dos eleitos o retorno pelo investimento. "Quem paga banda comanda a música. Os candidatos eleitos com dinheiro doado pelo Santander não vão atuar contra os bancos", disse.
Segundo o professor, a CUT já defendia a Constituinte exclusiva da Reforma Política em 2012. "Depois, vieram os protestos de 2013, em que a população gritava que esses políticos não nos representam. As marchas mostraram que o sistema político está separado da população. Dilma percebeu e propôs a Constituinte, mas os conservadores barraram. No entanto, a bola da Dilma ficou quicando e nós pegamos e lançamos o plebiscito em novembro passado. Agora, vamos colocá-lo em prática e lutar para mudar a política e o Brasil", concluiu Júlio Turra.
Fonte: Contraf-CUT
'Atual sistema divide trabalhadores em vencedores e perdedores', diz Heloani
Heloani e Ademar Orsi no painel sobre Condições de Trabalho e Remuneração
Rede de Comunicação dos Bancários
Maria Ester Costa e Nilma Padilha
Para Roberto Heloani, especialista em organização do trabalho, professor da Unicamp e da Fundação Getúlio Vargas, a política e a forma das empresas de estabelecerem metas e remuneração variável trazem consigo os principais fatores responsáveis pelo assédio moral, que toma conta do mundo do trabalho atualmente. Heloani falou no painel sobre Condições de Trabalho e Remuneração, no primeiro dia da 16ª Conferência Nacional dos Bancários, que está sendo realizada em Atibaia.
Veja aqui a entrevista de Roberto Heloani e outros palestrantes sobre condições de trabalho
Segundo ele, as formas como as empresas impõem a remuneração variável está causando a destruição do coletivo de trabalho, porque faz com que um grupo torça para que os outros grupos não se saiam bem. "Esse sistema esquadrinha os líderes e os losers, divide os trabalhadores em vencedores e perdedores. O sucesso só é possível mediante o fracasso do semelhante", denuncia.
Problema não é o indivíduo, mas a organização
Isso também leva a uma visão equivocada de que é o indivíduo e não a organização que produz o assédio moral. Ele faz uma alerta para sindicalistas e líderes dos trabalhadores para que não caiam nesse raciocínio. "Não adianta trocar as pessoas. Muda-se o gerente, por exemplo, e dali a algum tempo o assédio volta a acontecer, porque a responsável é a instituição e não o indivíduo."
As metas abusivas para a venda produtos leva ao sofrimento do trabalhador que muitas vezes é obrigado a abrir mão de valores ético-políticos, ao ter que, por exemplo, empurrar produtos aos clientes: "Tratam a todos os empregados como sendo pessoas sem caráter, para os que têm caráter isso causa um grande conflito", destaca.
Heloani destaca também que a ideologia do produtivismo, em que a meta alcançada eleva o patamar da próxima, afeta a saúde mental, causa depressão e outros transtornos psíquicos: "O trabalho passa a ter uma dimensão virtual, o trabalhador não consegue perceber a os benefícios de seu trabalho para a sociedade".
A corrida por resultados precariza as relações de trabalho
Ainda no painel que tratou das Condições de Trabalho e Remuneração, o professor Ademar Orsi, doutor em Administração de Empresas pela FEA/USP, destacou as mudanças na organização do trabalho desde a década de 1970 e a administração atual das empresas regida pelo sistema financeiro.
"As empresas hoje querem resultados em curto prazo, o que gera uma precarização das relações de trabalho. A lógica do mercado tem efeito sobre a gestão da organização da empresa, que enxuga ao máximo o seu investimento, nos trabalhadores, por exemplo, para remunerar os acionistas, que simplesmente colocaram dinheiro no negócio e querem seu retorno rápido", explicou o professor.
Ademar Orsi também reforçou, a partir de estudos acadêmicos, os problemas que trabalhadores, em especial os bancários, vivem no dia a dia, como a cobrança dos bancos por metas inalcançáveis, sem participação na definição do processo e organização do trabalho.
"A exigência é cada vez maior por qualificação do trabalhador. Não é a empresa que deve trazer solução, mas o funcionário. Isso também influencia nas negociações do trabalhador com a empresa. O trabalhador já tem que vir preparado para o mercado de trabalho," ressaltou Ademar Orsi
'Algema de ouro'
Outro problema levantando pelo professor é como as organizações empresariais vêm usando a disputa dos funcionários como método para alcance de resultados.
"As organizações acabam levando a relação entres trabalhadores para o lado negativo, com uma competição muito forte. O empregado deve entregar resultados ou vai se frustrar. O que acaba gerando assédio moral e riscos para os indivíduos", afirma o professor.
Para Ademar Orsi, a remuneração variável dos trabalhadores, formada por comissões sobre vendas, prêmios por produção e outras formas similares, poderiam ser usadas pelas empresas de maneira mais saudável, com participação dos trabalhadores.
"Os projetos ou mesmo as metas para um momento crítico ou de necessidade da empresa poderiam ser traçados em conjunto com os funcionários, sem representar uma algema de ouro pela entrega de resultados", avalia Ademar Orsi.
Fonte: Contraf-CUT
Salários dos bancários não acompanham crescimento dos bancos, aponta Dieese
Rede de Comunicação dos Bancários
Rodrigo Couto
Entre 2001 e 2013, enquanto o lucro dos maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) cresceu quase cinco vezes e o Produto Interno Bruto (PIB) - soma de todas as riquezas que o país produz - quase dobrou, a remuneração média dos bancários permaneceu praticamente no mesmo patamar. É o que concluiu a coordenadora da Rede Bancários do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômico (Dieese), Regina Camargos, durante o painel sobre Condições de Trabalho e Remuneração, apresentado nesta sexta-feira (25), primeiro dia da 16ª Conferência Nacional dos Bancários.
Para se ter uma ideia do abismo que separa os ganhos dos bancos e o salário médio dos bancários, as seis maiores instituições financeiras do país registraram em 2001 lucro líquido de R$ 9,8 bilhões. Já em 2013, os ganhos dos mesmos bancos atingiram a impressionante cifra de R$ 57,7 bilhões. Em 12 anos, o lucro líquido dos maiores conglomerados do sistema financeiro nacional cresceu 487%.
Em contrapartida, o salário médio dos bancários diminuiu nesse mesmo período analisado pelo Dieese. Em 2001, os bancários ganhavam, em média, R$ 5.016,72. Já uma década depois (2011), esse valor caiu para R$ 4.743,59.
Atividade bancária cresceu muito mais que o emprego no setor
Ainda de acordo com Regina Camargos, enquanto as operações de crédito dos seis maiores bancos do país cresceram mais de 494%, o numero de empregados registrou aumento de 52,7%. A análise do Dieese também destacou outros dados infinitamente bem mais favoráveis aos bancos: ativos, crescimento de 266%, patrimônio líquido, incremento de 214%, e operações de tesouraria, aumento de 202%.
Na avaliação da coordenadora da Rede Bancários do Dieese, a rotatividade é a grande responsável pela anulação dos ganhos da categoria. "Isso explica, em parte, o fato de a remuneração crescer de forma lenta", destacou.
Piso do Dieese só em meados de 2028
Apesar do ganho real acumulado desde 2004, de 34,6%, se o piso da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários continuar evoluindo na velocidade atual, somente em meados de 2028 o salário de ingresso atingirá 2.682,22.
Alarmantes, os dados apresentados por Regina Camargos expõem a total falta de compromisso das instituições financeiras com seu maior patrimônio: os bancários.
Fonte: Contraf-CUT
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